sábado, 20 de junho de 2015

Divagações de um desabafo

Por vezes precisamos de algo que nos mantenha a fé presente. Algo mais forte que nós que nos faça acreditar em tudo aquilo de que queremos desistir. Algo que nos surpreenda. Algo que nos faça pensar "foda-se, só isto fez com que o meu dia valesse a pena", sinceramente eu já não sei há quanto tempo tenho algo que me faça sentir assim. Algo que me dê vontade de acordar, algo que me de esperança que tudo melhore, pelo contrário tudo o que me rodeia neste momento, todos os pensamentos na minha cabeça, tudo o que eu vejo e não digo, tudo o que eu sinto e não falo, tudo aquilo que quero fazer e não tenho forças na cara, parecem pesadas chapadas que me metem cada vez mais num buraco onde não consigo sair. 

Basicamente o meu corpo foi o único que ainda não desistiu da vida, porque a minha mente já o fez há algum tempo. 
Não me lembro da última vez que tive feliz, da última vez que sorri sincero, da última vez que não precisei de fingir que estava tudo bem. Entrei num total colapso e só espero que o corpo acompanhe a mente e me leve mais depressa. Porque já não aguento mais, o cansaço psicológico, a falta de descanso, o stress constante, os pensamentos que surgem nas piores alturas. Não consigo comer, nem sequer me lembro da última vez que comi uma refeição que não fosse um pão e mesmo assim se como isso durante um dia é muito.
Sinto a minha memória a desaparecer, sim.. Aquela que eu sempre me orgulhei de ter, que independentemente do estado em que tivesse nunca falhava, nunca apagava nenhum momento, nenhuma palavra, nenhum gesto e agora? Agora até me esqueço do caminho certo para casa.
Só precisava de uma ténue luz lá no fundo que me fizesse acreditar que tudo irá melhorar, que a vida me irá surpreender. Um "aguenta-te que eu vou ai". Um "eu estou aqui para tudo". Um "eu gosto de ti" disfarçado entre palavras que só eu entendo. Ter pessoas que fizessem o mesmo que faço por elas. Não importa a hora, o local, a distância, o que tiver a fazer, eu vou a correr para a pessoa se ela estiver a necessitar. E quando olho, apercebo-me não tenho pessoas que fazem isso, ou se tenho não o conseguem fazer nos momentos em que mais preciso. Porque sim, quando precisei de ajuda, tive de erguer-me sozinho, porque os meus amigos viraram-me as costas. 
Interrogações, incógnitas, fracasso, dúvidas, culpa... Tudo isso faz com que eu perca o amor a vida, que desista de tudo e de todos. E por mais que eu tente ser forte, ser forte 24 horas por dia cansa, sorriso falso sempre custa. E sei que no momento em que desistir na totalidade não vou estar cá para aparar as quedas a ninguém, limpar as lágrimas que escorrem nos momentos de angústia, dar aquele abraço forte que faz sentir a pessoa segura, as palavras de carinho, ternura e apoio que dou. Isso tudo acaba... E aí? Aí perguntam, porque é que não me apercebi disto mais cedo? Porque não fiz nada para o ajudar? Apercebi-me tarde de mais. 
E agora? Agora não vou ter tudo aquilo que precisava.
Sei lá que escrever mais, isto foi uma divagação de um desabafo de meses e meses de suportar tudo de todos e não suportar o que é meu. Meter sempre todos primeiro e nunca pensar em mim.

- FIM -